sexta-feira, 11 de novembro de 2011

É preciso morrer...


* "As flores do jardim de nossa casa morrem todas de saudades de você"

Era o que eu mais queria, era não mais chorar, não mais sentir saudades, não se lembrar, simplesmente não lembrar. Até da brisa que nos acariciava sou capaz de lembrar, sentir a mesma sensação... Mas a vida é lembrança e esquecimento, um dia te esquecerei por certo, constatar isso é doloroso na alma, isso é triste. Como esquecer alguém que se tanto amou? A lembrança do esquecimento também não é um ato de pensar no ser amado? Talvez seja. A saudade, esse sentimento que não conseguimos dar corpo, é uma companheira constante, saudades dos lugares, dos fins de tarde após o trabalho, saudades das músicas que regiam nosso amor, saudades da briga de quem pagaria a conta... Saudades é não saber o que fazer para me livrar da insônia de todas as noites. Esta morte também é muito dolorosa, saber que o ser amado agora ama outro ser, que ele não voltará, saiu, se foi... Não adianta olhar mais pela janela, não adianta deixar a porta aberta, ele não mais voltará, morreu para ti, embora aqueça outro coração. Hoje o que dói mais é o nunca mais... Nunca mais seus olhos, suas mãos, nunca mais seu andar pela casa, nunca mais a implicância por Bethânia, nunca mais... Nunca mais. É preciso sobreviver ou morrer. Uns dizem que o Tempo senhor de tudo vai cuidando de acalmar as dores deixadas pelas saudades dos dias em que juntos passamos. Quem sabe um outro amor brotará deste solo que jaz a muito tempo não recebe uma gota de água. Junto com o que morre estou morrendo, partirei também... É preciso morrer, "viver não".

*In Maria Bethânia, Diamante Verdadeiro.
**Imagem livre da internet

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