Hoje eu desejei a chuva, embora
não goste muito dela... Não é que não goste propriamente da chuva, mais o pós-chuva,
me deixa mais triste ainda, é insuportável... Hoje estou à beira do Cais,
sozinho, banhado por tantas dores e o Cais é capaz de me deixar morto, junto-me a paisagem, as coisas. O Cais está vazio, cinza e nenhum paquete à vista... Fico ali parado por
horas a fio, permito-me sentir todas as dores do humano, desgraçado e fraco que
sou de tantas coisas para ser teria que ser exatamente eu, poderia ser a
primeira folha a desgarrar o tronco no outono, não teria pesar por isso,
deixaria o vento me levar para qualquer canto e alimentar a Terra mãe bendita.
Não! Teria que ser eu o que sou? E o que sou, se não um mendigo, a andar por aí
em busca de sentido e comida para manter-se vivo. A busca é inútil, a caminhada
não, a comida também inútil, para que alimentar um ser que mais merece o desprezo,
e quantos outros seres querem esse alimento, e não podem tê-lo, eles são
melhores, não precisam pensar no alimento, eles alimentam-se e pronto... Com
erros ridículos vou dormir, e se não acordar, bendirei a primeira pá de terra
a cobrir meu rosto...
*imagem livre de internet
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