Quando criança acreditava que o
mundo à medida que iria crescendo ele iria junto comigo, que tudo seria possível.
Hoje percebo a meia aurora da vida, que o que é possível mesmo são os sonhos de
infância, porque eles já cumprem seu papel no próprio nascedouro. Percebo e
como uma tristeza que nosso mundo vai morrendo, pessoas partem para nunca mais
voltar, e a cada partida você fica menor, o mundo fica menor, embora novas
pessoas apareçam, mas elas não são capazes de segurar a derrocada da partida
anterior. Ontem erámos seis. Hoje, sei pouco dos irmãos que dividiram a mesma
choupana comigo, um morreu, outros soube que andam envolvidos com drogas,
outros serão pais, e eu sigo talvez como um personagem de Sartre em Idade da
Razão. Ouvi de um sábio que “morrer não dói”, dói e dói muito, a dor maior é de
perceber-se morrendo, e que amanhã é uma possibilidade de não ser
possibilidade. Talvez o último ato trágico não tenha importância como os
anteriores... O que importa? Talvez não saiba responder, o que importa por
enquanto que ainda tenho consciência para pensar isso, que a dor de saber que
lá no Norte, muito longe daqui tenho homens amigos, que pelo fato de termos
parado na mesma encruzilhada da vida, ali se fez poesia, filosofia, arte, e
partimos seguindo o fluxo da morte, os positivos dirão, ´da vida´, não! Da
morte mesmo. Os cristãos impôs à nossa cultura que nascemos para a vida, que o
que importa mesmo é o paraíso, o céu a metafísica. Não! O que importa mesmo é
isso, os humanos que cruzam nossas encruzilhadas, mesmo sabendo que elas estão
fazendo parte de nossa morte... Amanhã beberemos meus anos, isso mesmo
be-be-re-mos, como em um celebração Dionisíaca, logo em seguida partimos...
*Imagem de arquivo próprio
**Texto se devida correção ortográfica
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