terça-feira, 17 de julho de 2012

Memória...








Eu estava com 07 anos, era o ano de 1989, depois de uma longa estadia na cidade retornava a fazenda em companhia de uma tia. Chegamos por volta das 17:30h, encontramos uma casa fria e escura, algumas brasas na fornalha, com meu avô habitando aquele ethos. Era uma tarde calma e silenciosa, acabara de chover, os cajueiros ainda molhados exalavam um cheiro tão familiar de mato e terra molhada, ouvia-se no ar o canto de alguns pássaros... Diante daquela tarde eu parei, pela a primeira vez eu via, tinha certeza que me via vendo. Foi a primeira vez que me sentir sozinho, a primeira vez que experimentei aquela solidão, que a tanto me fazia chorar e que faria parte de mim, que se confundiria com o que eu seria dali por diante. Foi naquela tarde, fria e triste de maio que me descobrir triste. Hoje vejo essa memória, muito nítida, como uma tela imóvel diante de mim, e ela me faz chorar... Não escolhi ser triste, como não escolhemos tantas coisas na vida, aquele dia me fez triste, é por isso que hoje carrego nos olhos essa tristeza que alimenta minha alma e minha poesia... Com o coração em pedaços vou dormir, com um laço vermelho a Iansã, deixo-vos.

**Talvez volte a escrever sobre esse dia...

2 comentários:

  1. O oceano não escolhe suas marés, tampouco o céu desgosta do passar das nuvens. Inevitável são os intervalos e alternâncias que nos compõem, mas também nos rasgam. Somos um inevitável movimento de costura, do coração, da solidão, da poesia.

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  2. Seu comentário é uma poesia... muito obrigado por palavras tão lindas!!!

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